Ascensão Divina - Capítulo 9
Em um hotel no continente dos demônios, estava Ghrift em uma sala.
Sentado em sua mesa, anotando em seu caderno o relatório de sua missão ao reino dos heróis.
O formato da sala era retangular, com a mesa dele no final de trás a uma grande janela.
A frente dele, há outra enorme mesa e cadeiras.
Não havia apenas ele na sala, consigo tinha um senhor.
Esse velho era o mesmo da reunião do castelo.
Dando mais atenção nele; tinha uma aparência meio acabada, uma barba e bigode grande, vestia um terno clássico da cor preta e gravata dourada, a cor de sua pele era um roxo bem forte.
O senhor, de idade avançada, bebia uma taça de vinho tão roxa quanto a própria cor.
— Me diga, pai. O que você quer dizer com isso? — perguntou Ghrift enquanto folheava a página do caderno.
— Uma criança comandando o reino dos demônios! Isso é horrível!
— Ele foi escolhido pelo nosso deus, tenha respeito.
— Esse “deus” matou nosso antigo rei e colocou uma criança no lugar como se não fosse nada.
O velho parecia perplexo, sua grande raiva fazia seu coração palpitar.
— Essa criança é filho do nosso antigo rei. Talvez ele tenha mais futuro que o pai dele.
— Bobagem. O rei nunca será substituído por essa criança — Cruzando os braços.
— Velho tolo, sempre com suas desavenças. Até quando irá acordar para o mundo atual?
— Olha o respeito garoto. Esqueceu de quem te criou?
Sua voz autoridade foi levantado contra Ghrift.
— Esqueceu quem é o rei agora? E o deus que o escolheu?
Folheava seu caderno mais uma vez.
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Sentado em seu trono, Belial exalava uma aura de fúria e descontentamento.
Seus olhos refletiam não apenas a autoridade inquestionável, mas também uma profunda mágoa enraizada em eventos passados.
Imerso em suas próprias reflexões, já havia concluído a conversa com o deus.
As palavras dele ressoavam em sua mente, desencadeando memórias dolorosas de um passado marcado por tragédia.
A crueldade com que seus pais foram mortos ecoava como uma ferida aberta, uma ferida que nunca cicatrizou totalmente.
Cada pensamento sobre essa história atiçava a chama do ódio dentro de si.
Suas veias pulsavam, os músculos tensionados refletiam a intensidade de suas emoções.
A pressão emanando de seu corpo era tão avassaladora, que criava uma distorção ao seu redor.
Perdido em suas lembranças traumáticas, contemplava o peso de seu passado.
A sede de vingança pulsava em seu âmago e a atmosfera na sala do trono tornava-se cada vez mais carregada com a energia sinistra que emanava dele.
Depois de um momento de intensa emoção e lembranças do passado, conseguiu recuperar sua compostura.
A pressão do ar começava a diminuir, a aura de fúria que antes preenchia a sala também se dissipava.
Respirando fundo, fechava os olhos
buscando equilíbrio interior.
As veias pulsantes em sua testa diminuía e a expressão furiosa deu lugar a uma calma.
— Droga, essa foi por pouco — murmurou, deixando transparecer um misto de tensão e alívio em sua voz.
— Heróis… Malditos hipócritas! — Batendo contra o braço do trono.
O som ecoou pela sala como um trovão que acabou de bater no chão.
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Belial fechava os olhos, começava a lembrar do seu passado com sua família.
O dia em que ela morreu, seu pai, sua mãe e sua irmãzinha.
Enquanto eles brincavam, seu pai e mãe sentados em suas cadeiras em um jardim de flores roxas.
Um dia bonito como qualquer outro, nesse tempo não havia guerra entre as raças de Grhas, elas viviam em harmonia uma com as outras.
Porém, tudo mudou quando um deus desceu dos céus.
Com apenas um peteleco no ar, sua família, sua casa, seus mordomos, foram todos esmagados a 1.000 palmos no chão.
Após ouvirem o estrondo, no susto, olharam para trás.
— Hhaaa! Que susto. O que foi isso? — exclamou sua irmãzinha olhando para trás.
— Hm! — Belial se assustava com o estrondo.
De primeira eles não entenderam, pois não via nada, literalmente nada.
A menininha levantava lentamente em direção aonde era sua casa.
Vendo poças de sangue entre os destroços.
Lembrando de seus pais, ela ficou em choque.
Paralisada com tal acontecimento, gritou:
— AAAAhh! PAPAI!! MAMÃE!!
Belial ficou paralisado com o grito de sua irmã, levantava rapidamente na intenção de acalmar sua irmanzinha.
— Nyx! Se acalme! O que foi?!
— Ali — Apontava para o sangue.
Virava seu rosto para onde sua irmã apontava, olhava o cenário de terror.
Dilacerados, esmagados encontrava seus pais.
De toda a sua vida, nunca pensou, nem sonhava em acontecer isso com sua família, já que eram tempos de paz, isso jamais poderia acontecer com eles.
Belial cai de joelhos vendo o sangue em sua frente.
Vomitava ao testemunhar tal acontecimento.
No chão, as crianças viam toda a terrível cena que acontecia.
A imagem era horrível aos seus olhos,
O deus demônio olhando de cima, o buraco enorme que ele deixou.
Um sorriso desenhava em sua face uma expressão de prazer que era vista em seu olhar.
Olhando para as crianças abaixo de seus pés chorando como cachorros machucados.
— Isso é tão bom! Faz tempo que eu não me sentia assim…
Descia do céu com as mãos nas costas, pousava perto das crianças.
Enquanto estava perto de pôr os pés no chão, uma leve aura roxa um pouco escura se formava em baixo onde ele pisava.
Os dois irmãos afastados da presença do deus, com medo do que poderia acontecer.
Se abraçando, os dois jorravam lágrimas de pavor.
O deus demônio aproximava-se mais.
— Não irei fazer nenhum mal a vocês. Sabe? Ficar sem fazer nada durante milênios é irritante, então que tal nós fazer a festa neste pequeno planeta nomeado de Grhas?
Belial reuniu coragem para falar cara-a-cara com ele, seus olhos brilhavam como fogo de puro ódio e medo, dois sentimentos ao mesmo tempo, era incrível para o deus.
— Interessante…— levava as mãos no queixo.
— Maldito! Quem é você? Quem lhe deu o direito…
— Realmente incrível. Ha ha ha. Sabia que você era bom! — Alegremente exclamou.
O deus reagiu batendo palmas, enquanto ria.
— Sabe, possuir as mesmas peças de xadrez a vida toda, é um saco! Então decidi trocá-las. Agora…você será a minha mais perfeita peça de xadrez!
Belial ficou parado na frente de sua irmã, na intenção de protege-lá.
Uma face de bravura surgia em seu rosto, pronto para proteger.
— Irmãozinho…
Sua irmã não conseguia ficar de pé.
Se escondia atrás de seu irmão.