Demônio da Escuridão - Capítulo 2
Capítulo 2 – Preparativos
— É isso mesmo, eu irei me tornar um aventureiro — frisou, Sadi.
— Mas por que isso do nada? Você não vai ficar e me ajudar com os afazeres da igreja?
— Não. Honestamente, eu não gosto da ideia de levar uma vida tão remota quando há muitas coisas mais interessantes para fazer. Além disso, eu quero descobrir quem são os meus familiares e por que eles me abandonaram — afirmou, Sadi, sem hesitar.
— Muito bem. Se é o que você quer… Eu não irei te impedir. No entanto, devo dizer que atualmente você não está preparado para esse trabalho.
— O que você quer dizer com isso?
— Demonstrar vai ser mais fácil do que te explicar, me siga — Darius não precisa falar, só com sua expressão já é nítido que ele reprova a escolha de Sadi.
Curioso com o que Darius queria lhe provar, Sadi o seguiu até que os dois estivessem em um campo aberto próximo a igreja.
— Antes de mais nada… — Darius retira sua sabatina e seu colar de crucifixo.
Apesar de ser um homem velho, na casa dos 60 anos, Darius possui um físico extraordinário. Além disso, ele tem aproximadamente dois metros de altura e a barba mal-feita deixa sua feição ainda mais intimidadora.
— O que você queria me mostrar, padre?
— Eu quero fazer algo que nós nunca fizemos antes: uma batalha simulada.
— O QUE? POR QUE ISSO DO NADA? — Sadi
— Se você realmente quer ser um aventureiro, terá que levar em consideração que lutará com monstros muito mais fortes do que um velho como eu. Em outras palavras, se não conseguir me derrotar ou ao menos deixar em posição de desvantagem, significará que você não está preparado — afirmou, Darius.
— Eu não estava esperando por isso, mas vamos lá.
“Eu não tenho noção alguma da força do padre, afinal nunca vi ele lutando a sério. Mas para ter me desafiado para um duelo, ele não deve ser um fracote. Preciso ser cauteloso”
Existem dois tipos de magias: elementais e não-elementais. Elementais são aquelas que são caracterizadas como composição básica da natureza. Ao mesmo tempo que as não-elementais não derivam desses mesmos elementos.
Todo grande usuário de magia possui uma habilidade mágica dominante, e isso é definido quando se atinge uma transformação. Sadi não descobriu ainda a sua. Apesar disso, ele tem alta proficiência com Fogo e Eletricidade, o fato dele conseguir usar dois elementos já é fascinante.
Usando sua habilidade de chamas, Sadi conjurou diversas flechas de chamas e as arremessou em Darius. Que por sua vez, bloqueou todas de uma vez criando uma grande parede de gelo à sua frente.
Usando mana para acelerar seus movimentos, Darius arrancou na direção de Sadi. Que na intenção de parar o padre, atirou bolas de fogo explosivas
Sem precisar se esquivar ou bloquear, apenas com sua velocidade de arranque, o padre passou ileso pelo ataque de Sadi.
Quando chegou próximo do jovem demônio, Darius desferiu um soco forte no peito.
Com reflexos rápidos, Sadi conseguiu bloquear o soco com os braços. Como consequência, ele é arremessado com força até bater em uma pedra.
ARGH!
“Tsc, se eu não tivesse aumentando minha resistência com mana, provavelmente meus braços teriam quebrado. Esse velho realmente quer me matar!” — Sadi é surpreendido com a força brutal de Darius.
— Se você realmente quer se tornar um grande aventureiro, não pode depender apenas da magia para defender e atacar. O que você vai fazer se sua mana acabar?
Com muita dor, Sadi se levanta: — Bem, aí eu sofreria uma derrota iminente
— Não se você souber técnicas de luta corpo-a-corpo.
— Mas eu não sei técnicas de luta.
— Então que tal um desafio?
— Que tipo de desafio?
— Ensinarei a você todas as técnicas que eu conheço sobre luta até o dia que você for partir. Mas antes de ir embora, você terá que aguentar cinco minutos de duelo comigo, se você aguentar, estará pronto para ser um aventureiro.
— E se eu perder o desafio? — questionou, Sadi.
— Então, você terá que desistir desse exame.
Depois de pensar e calcular os riscos, Sadi decidiu-se: — Tudo bem, eu aceito o seu desafio!
Por fim, Sadi e Darius selaram o desafio com um aperto de mãos.
— Mas antes de mais nada, você precisa ganhar massa! Com esse físico de grilo você não conseguiria bater de frente nem contra uma mosca — debochou, Darius.
Como prometido, em seu tempo livre, Darius ensinou técnicas de luta para Sadi.
Quando não estava treinando, Sadi dedicou-se a melhorar sua forma física e para não afrouxar, deu continuidade na prática com a magia.
Da mesma facilidade que teve para aprender sobre magia, Sadi também teve para aprender as técnicas de luta corpo-a-corpo e esgrima. Embora ele não consiga aprimorar seu físico tão rapidamente assim.
Um mês se passou desde que Sadi se candidatou para entrar em uma guilda. Seu treinamento com Darius está quase chegando ao fim e para comemorar, em uma noite tranquila, eles vão para uma oficina de ferraria para escolherem uma espada adequada para o jovem demônio.
— Sejam bem-vindos à minha oficina — disse o ferreiro, ao ver Sadi e Darius entrando.
— Olá, Haedrig. Como tem passado? — disse Darius, com certa intimidade.
Haedrig é um ferreiro famoso da cidade de Tristam. Ele é um homem de baixa estatura, tem calvice tipo M, cabelos castanhos, um cavanhaque, além de estar sempre sem camisa, usando apenas um avental de couro.
— OLHA! Se não é o meu velho conhecido, Darius. Faz quanto tempo que não te vejo cara?! Fiquei sabendo que agora virou até padre.
— Pois é, eu andei meio ocupado ultimamente
— E então, o que posso fazer por você?
— Eu estou procurando uma espada leve, com alta possibilidade e poder de perfuração.
— Aaaah, tá querendo voltar a ativa?
“O que? O Darius já foi um aventureiro? Isso explica muita coisa” — refletiu, Sadi.
— Não é para mim, é para o meu filho.
— Opa. E aí rapaz, tudo certo? — disse Haedrig, cumprimentando Sadi.
— Tudo certo.
— Eu queria poder dizer que ele é a sua cara, mas não é! HAHAHAHAHA! Então, quer forjar ou comprar uma pronta?
— Uma pronta, se tiver.
— Claro, tenho algumas ali no fundo da oficina, se você quiser dar uma olhada.
Darius e Sadi foram até os fundos da oficina à procura de uma espada ideal. Batendo o olho na prateleira, todas elas parecem iguais e não chamam atenção. o jovem demônio até segurou alguma delas e fez alguns movimentos verticais e horizontais, porém nenhuma delas lhe agradou.
Até que Sadi se sentiu possuído por uma espada desgastada que estava engatada em uma prateleira com uma placa escrito “armas usadas”.
Ao segurar o cabo dessa espada, Sadi sentiu como se ela estivesse sugando sua energia. Seu braço começou a ganhar pigmentos brancos, seus chifres sairam para fora e raios negros envolveram a lamina da espada.
ARGH!
— Sadi? Está tudo bem? — perguntou Darius, ao perceber que seu filho está perdendo o controle.
— E-eu não to conseguindo… controlar…! — Pelo tom de voz de Sadi, parece que ele está fazendo muito esforço para não ceder.
— Mas que espada é essa?
Darius tentou botar a mão no cabo para ajudar Sadi, no entanto, ele sofreu uma descarga elétrica antes de sua mão sequer encostar na espada, o derrubando no chão com o susto.
— AAAAH…! — Sadi faz um grande esforço para segurar a espada com as duas mãos.
— Está tudo bem aí? — Haedrig estranhou os sons que estão vindo dos fundos, por isso, ele foi averiguar.
Antes de Haedrig chegar, Sadi conseguiu retomar o controle e esconder sua identidade demoníaca.
— Está tudo bem? — perguntou, Haedrig. Ao ver Sadi suado como se tivesse corrido uma maratona e Darius caído no chão.
— HAHAHA…! Está tudo bem, só estávamos testando essa espada. A propósito, vamos levá-la — disse, Sadi.
No final das contas, a espada saiu por mil rubros, um preço considerado baixo para uma espada.
“Será que eu deveria ter vendido mesmo essa espada? O cara que me vendeu disse que ela é amaldiçoada… Bom, não importa. No final das contas eu vendi por um preço maior do que eu comprei, saí no lucro” — pensou Haedrig, depois de Sadi e Darius terem saído da loja.