O Extra Deseja Ser O Vilão - Capítulo 3
Que sufocante.
Havia passado cerca de dez minutos desde que tinha entrado naquela sala, e durante esse tempo, o barão não disse uma palavra sequer, apenas ficou me encarando com uma cara estranha.
— Não cause nenhum problema.
Uma voz rouca preencheu a sala, tomando-me de surpresa.
— Eh? Sim?
— Khalid, não vou poder fazer nada se criar uma confusão no palácio.
Oh… Por um breve momento tinha me esquecido de como era Khalid.
— Não se preocupe, apenas tomarei algo e… — antes de sequer terminar de falar, fui interrompido pelo barão.
— Não! Você está proibido de beber, ouviu?!
Só falta me dizer que ele era alcoólatra agora. Para ser honesto, não me surpreenderia se esse fosse realmente o caso.
O barão cobriu o rosto com a mão, lançando um suspiro de decepção.
Esse homem deve realmente amar muito o seu filho para aturar assim. Se fosse eu, já tinha mandado esse cara para bem longe daqui, ou o deixaria preso dentro da mansão até que ele criasse juízo.
— Apenas… não faça nada até que tenha voltado de lá, está bem?
— Pode deixar… senhor.
Ele parecia confuso com a minha resposta, talvez eu tenha falado de forma estranha.
— Você pode sair agora.
Me curvei um pouco antes de me retirar da sala.
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— Ele realmente perdeu as memórias?
— Edgar disse que esse era o caso, meu senhor.
— Talvez seja a minha chance de consertar as coisas.
— Se me permite ser intrometido, não acho que tenha feito algo de errado. Tudo o que aconteceu foram escolhas do próprio jovem mestre.
— Eu sou o pai dele, Benjamin, eu sou o único que deveria guia-lo para o caminho certo, mas eu falhei nisso.
Vejo que continua o mesmo. Pensou o mordomo.
Craw! Craw!
O mordomo se virou ao ouvir o corvejar de um corvo vindo de fora.
— Meu senhor… isso… — ele entrou em choque ao ver o animal que carregava uma carta em sua pata.
— Parece que teremos mais problemas chegando, devemos nos preparar para o pior, Benjamin.
O mordomo trêmulo abriu a janela para pegar a carta.
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Por que ele teve que me manter tanto tempo lá só para dizer aquelas coisas? Ele poderia ter me poupado muito mais tempo se só mandasse uma mensagem pelo mordomo. Assim, eu poderia continuar criticando aquele romance sem ser interrompido.
Mas de qualquer forma… qual era o caminho mesmo?
— Por que a minha memória tem que ser tão ruim para esse tipo de coisa? — murmurei para mim mesmo enquanto tentava achar o caminho correto.
Como se fosse obra do destino uma empregada se aproximou de mim no momento exato.
— A senhora me pediu para busca-lo.
Buscar?
Antes de ter tempo de reagir a empregada agarrou o meu braço e me puxou.
Isso não é uma falta de respeito não?
Em um piscar de olhos chegamos a entrada da mansão.
Me surpreende que um mero barão, que deveria ser um nobre de mais baixo ranque, tenha uma mansão tão grande e possua tanto dinheiro. Meu quarto está cheio de joias e coisas feitas de ouro puro, temos bastantes empregados, e a baronesa e Penélope sempre se vestem de forma extravagante.
— O que está fazendo aí? Entre, temos muito o que fazer. — a baronesa falou de dentro da carruagem.
Entrei sendo praticamente empurrado pela empregada para dentro da carruagem.
— E para onde vamos?
— Comprar roupas, ou esperava que eu o deixasse ir para o baile com aqueles trapos?
— Mia disse que eu tinha roupa.
— Não, você não tem. — a baronesa pôs um olhar sério. — Vamos! — deu a ordem ao cocheiro.
— Vai demorar muito?
— Isso irá depender de você.
Se realmente dependesse de mim, estaria dando meia volta agora e voltando para a minha cama confortável para terminar de ler o livro. Então, por favor, não diga que depende de mim. Além do mais, onde vamos achar roupa? O baile é em dois dias, tenho certeza de que nenhuma loja estaria aceitando clientes por agora.
Mas não vou negar que estava animado para sair. Passei o tempo todo no quarto fazendo o que sempre fazia quando era Noah: ler, comer e acariciar gatos. A única diferença é que não preciso mais organizar prateleiras e mais prateleiras de livros durante o dia.
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Era uma paisagem bonita com bastante vegetação, uma imagem que talvez nunca veria na Terra.
Era possível ver bem de longe a torre mágica. Ela ficava no centro da capital. Segundo a novel, ela flutuava através da magia do falecido arquimago Gabriel. Era um lugar que nem a família real podia entrar se não fosse um mago. Graças a isso, minha informação sobre a torre mágica é quase inexistente.
Me pergunto o quão forte esse arquimago Gabriel deveria ser para que a sua magia continue funcionando após todo esse tempo.
Não demorou muito para chegarmos na cidade. Desci primeiro e estendi a mão para ajudar a baronesa a descer.
— Céus, está tão educado de repente. — ela falou alegre ao tomar a minha mão. — Huhu. Faz tempo que não venho aqui.
— Baronesa Morris! A que se deve essa maravilhosa visita?
A mulher parecia ocupada, segurava alguns pedaços de tecido, mas mesmo assim fez questão de nos receber pessoalmente.
— Bem, o meu filho precisa de roupas novas. Como estávamos bastante tempo sem sair, resolvi fazer uma visitinha.
— Sendo assim, seja bem vinda.
— Agradeço, Elysian.
Posso estar enganado, mas se for a Elysian que estou pensando, não deveria ser a estilista mais famosa daqui? Até a protagonista teve problemas para conseguir uma roupa dela. Como a baronesa conseguiu sequer entrar sem nem agendar um horário?
Elysian nos guiou para uma sala. No caminho, ela ordenou a uma das trabalhadoras que lhe trouxessem as roupas masculinas que estavam prontas, junto com o seu caderno de desenho e sua fita métrica.
A sala estava bem diferente em comparação a que era descrita na webnovel, era extremamente decorada, o sofá era mais confortável do que qualquer outro que já havia me sentado e os docinhos estavam ótimos.
— Deveria pedir para que tragam algo para a senhora também?
— Hum… não, mas gostaria de dar uma olhada nos vestidos, daqui a algumas semanas será a graduação de Isabella, não posso permitir que ela vá vestindo qualquer coisa.
— Que coincidência! Recentemente criei um novo modelo que acho que a jovem iria adorar.
— Mesmo? Não é muito incomodo, certo? Afinal, em breve será a temporada social.
— Oh! Não! Não se preocupe, terei tempo o suficiente para deixar a sua filha impecável para a graduação
— Sendo assim, estarei agradecida.
Toc. Toc.
— Senhorita Elysian, trouxemos o que pediu.
— Passem.
A mulher abriu a porta e entrou trazendo, com a ajuda de outras três garotas, algumas araras de roupa, enquanto a menor segurava um caderno.
— Deixe-me apresenta-la ao jovem. Essa é Adriana, minha assistente.
— Ah… Olá. — Cumprimentei.
Adriana se curvou rapidamente.
— Ela é muda. — Sussurrou a baronesa.
Balancei a cabeça sutilmente para expressar que havia entendido.
— Então, podemos começar? — Elysian perguntou já segurando a fita métrica.
Sua expressão era um pouco… assustadora.
— Claro… podemos sim.