The Endless - Capítulo 1
No universo quase infinito, existe um planeta conhecido pelo nome de suas 3 luas:
— B – 2 – A —
Nesse planeta descomunal que abriga a vida, há:
“Dragões, humanos, demônios e dentre muitos outros”.
Em um mundo onde existe a magia, o mais fraco pode se tornar o mais forte.
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– Ano 13.027 –
Em uma calma manhã, Kevyn dormia profundamente, mas para sua infelicidade…
— Sr. Kevyn, acorda! Já é de manhã! — gritava.
Despertando, Zonzo Kevyn mal conseguia falar: — Bom dia, Min… — dormindo.
Quem chamava por Kevyn era uma das empregadas da mansão. Seu nome era Mind, uma humana com aparência de 16 anos, com cabelo e olhos roxos.
— Tá na hora de levantar!
Levantando suas orelhas felinas, o garoto a olhava triste, tentando ser fofo, dizendo: — Só… mais 5 minutinhos.
Mesmo com a heterocromia e a fofura, Mind resistiu e disse: — Hm… não, não pode! Tenho que te levar pra estudar. Anda, levanta! — insistiu, chacoalhando.
— Tá bom, tá boom~ — Prolongando, ele suspirava por sua tentativa ter falhado miseravelmente. Se espreguiçando e saindo da cama, ele encarou Mind ainda com sono, esperando-a.
Saindo do quarto, Mind disse: — Se voltar a dormir, você não vai conseguir ler aquele livro, hein? Hihihi.
Abaixando suas orelhas, Kevyn bocejou e caminhou por seu minúsculo quarto, indo em direção ao banheiro. Ele conseguia ver no escuro, mas o fato de não ter nenhuma janela no local o deixava triste.
Naquela região, o sol ficava geralmente coberto por colossais nuvens geladas, então o quarto era quente, especialmente por toda estrutura da mansão ser feita de concreto negro.
Em pouquíssimo tempo, o garoto entrou no banheiro, onde escovou seus dentes e trocou suas roupas.
Mind esperou ao lado de fora e, ao Kevyn sair de seu quarto, eles caminham pelo grande corredor indo em direção à biblioteca do local.
— Fiquei sabendo que tentou aquilo de novo, quase conseguiu? — sorrindo.
— Eu… não sei o que fazer, talvez eu não tenha nenhum elemento — Ele parecia incomodado.
— É não ter pressa. Você ainda é novo e eu sei que consegue!
— Ah… obrigado — sorria ao mesmo tempo que eles chegavam em uma das portas da enorme biblioteca.
Ao entrarem, Mind caminhava em direção a uma das centenas de estantes. Ela recolhia alguns livros enquanto Kevyn se aproximava das quatro gigantescas mesas da biblioteca.
Após pegar alguns livros, ela voltou até perto do garoto, sentando-se em uma cadeira e perguntando: — Tá tudo bem?
— Eu não tenho visto muito… — Kevyn desistiu de falar e se sentou ao lado dela, olhando para a mesa.
— Tá tudo bem, pode me contar — fez um cafuné nele.
— Eles estão muito ocupados? — perguntou, juntando as mãos.
— Olha… — Levou a mão até a boca pensativa — Não liga pra eles, eles são muito ocupados.
— Tá bom… o que vamos aprender hoje? — Kevyn estendeu as mãos em cima da mesa.
— Hoje vou te ensinar um pouco mais de matemática hoje.
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Depois de algumas horas, alguém entrou na biblioteca.
Se aproximando da mesa, um homem alto, de cabelo longo e escuro. Esse era Klei, pai de Kevyn. Ele vestia um terno por baixo de um sobretudo vermelho vinho.
— Desculpe interromper, posso levar o garoto por um momento? — perguntou Klei.
— Claro, Sr.Klei, fique à vontade.
Logo após ouvir, Kevyn se levantou. Agressivamente, o homem pegou o garoto pelo braço e o arrastou pela mansão.
Ele arrastou-o até um campo¹. Arquibancadas de concreto negro os cercavam, enquanto Klei pisava nas flores que cruzavam seu caminho.
Parando, o homem solta o braço de Kevyn e o encara, perguntando:
— Por acaso, você já sabe qual é seu objetivo?
— Eu… não sei.
— Você realmente é inútil. Você já deveria saber, garoto.
— Eu só… não sei.
— Nós já falamos sobre isso, não é? — Klei segura Kevyn pelo cabelo.
— Por que não me dá mais tempo?
— Você já teve tempo o suficiente — Arrastando o garoto novamente, Klei chegou até uma porta e disse: — Você vai ter tempo para pensar agora — Ele a abre e joga o garoto lá dentro.
Antes que Kevyn pudesse falar, o homem fechou a porta e a trancou. Em silêncio, ele ficou sentado na sala escura, esperando por seu pai.
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Um pouco mais tarde, enquanto Klei andava pelos corredores, alguém parava à sua frente, uma mulher de cabelos brancos e baixa estatura.
Sua heterocromia já informava ser a mãe de Kevyn, Astéria. Enfim, os dois se encaram, com o silêncio sendo quebrado pela mulher:
— Você fez de novo? — Cruzou os braços.
— E o que você vai fazer, me matar? — Klei provocou gesticulando com as mãos.
— Se for necessário. Ele só tem 3 anos², você não entende?
— Eu não ligo, Astéria. Ele já deveria saber, e nós temos um tratado, o mínimo que você deveria fazer é seguir o que concordamos.
— No tratado, não estava que você iria obrigar nosso filho a tomar decisões.
— E também não estava que você iria se meter — O sorriso de Klei se desfez.
— Eu me meto porque sou mãe dele.
— Ohh~ — Klei fingiu estar surpreso, colocando as mãos sobre as bochechas enquanto debochou: — Não esperava que logo você, Astéria Calamith! Fosse se importar com alguém.
— Chega — Astéria apontou o dedo na cara dele.
— Ok, Ok. Entendi — Klei recuou, sinalizando para ela parar.
— Sai da minha frente — Astéria abaixou o dedo.
Sem dizer nada, o homem se virou e foi embora. Astéria suspirou e voltou ao seu caminho.
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Indo até a sala que prendeu Kevyn, ao abrir a porta, ele não estava mais lá.
Klei entrou para verificar, mas nada.
“Hm… como?”, incrédulo, suspirou: — Ah…~ Acho que entendi.
Klei pensou: “Quem deu a brecha para Kevyn escapar foi Astéria? Ela apontou o dedo na minha cara, mas eu não sei se os Calamith’s têm esse poder. Talvez uma das empregadas, já que ele não poderia destrancar a porta”. Utilizando da sua manipulação de escuridão, o homem localiza o garoto que estava deitado em sua cama.
Ele começa a caminhar pelos corredores, em direção ao quarto do garoto.
Ele continuou pensando: “Pelo visto, sua criação está começando a tomar forma… está desobediente. É incrível pensar o quanto ele esqueceu quem manda aqui”.
Utilizando da sua manipulação de escuridão, Klei chegou quase instantaneamente até o quarto, encarando o garoto.
Kevyn olhou, mas antes que pudesse reagir, levou um soco na cara, caindo de cabeça na cama.
— Por que você é tão parecida com ela?!! — O homem parecia com medo, mas também com raiva — Por que é tão parecido com Kairós?!
Mesmo com sua boca sangrando, Kevyn tentou falar: — Qu-quem é Kairós? — Chorando pela dor.
Klei o pegou pelo pescoço e o levantou no ar.
Kevyn lutou para tirar as mãos do homem, mas não conseguiu.
Klei soltou o menino, que caiu de joelhos no chão. Não o deixando respirar, ele desembainhou a espada e cortou as cordas vocais do garoto.
Com seu pescoço cortado, Kevyn tentou gritar, mas ele sentiu sua garganta rasgando, enquanto se contorcia.
Klei guardou sua espada e chutou o garoto na porta do quarto.
Ainda chorando, Kevyn tentou se rastejar para fora, mas Klei se ajoelhou e agarrou seu ombro.
Olhando para o homem, o garoto via o olhar de satisfação na feição de seu próprio pai, que com sua outra mão, lentamente, começou a rasgar o braço do garoto.
Se contorcendo pela dor, Kevyn começou a desmaiar pela dor, mas o homem o segurou pelo cabelo e curou seu cérebro, o mantendo são.
Com o braço do garoto rasgado, Klei gargalhava, se levantando e erguendo-o pelo cabelo, ainda curando seu cérebro.
— Isso é por tudo que aquela mulher fez! — O homem correu pelo quarto e esmagou a cabeça do garoto na parede, mas ainda o curava a todo instante.
Soltando-o no chão, Klei ainda segurando o braço do menino, o encaixou de volta.
Kevyn, sufocando em seu próprio sangue, olhava de canto para o homem.
— Isso deve ter te deixado fraco, né? Tá sentindo dor? Se tiver sorte, você não morre — chutou o rosto do menino, o fazendo virar, enquanto saia do quarto.
Kevyn ainda chorava, não conseguindo se mexer pela pancada na cabeça.
Por mais de curado, ele ainda sentia plena dor e, após um tempo, apenas desmaiou.
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Depois de algumas horas, Nick, mais uma das empregadas, saltitava pelo corredor.
Ao passar do lado do quarto de Kevyn, ela sentiu um odor de sangue e, quando olhou para a porta, viu uma poça escorrendo.
Se aproximando, ela abriu a porta e, ao se deparar com o quarto totalmente coberto por sangue, gritou enquanto se afastava, tropeçando em si.
Num piscar de olhos, Astéria estava na frente da porta olhando para Nick, que ainda pelo choque, não conseguia falar.
Astéria entra no quarto e pega Kevyn em seu colo. Por um instante, seus olhos brilharam, mas logo ela saiu enquanto Nick se levantava ainda um pouco trêmula.
Vendo o sangue do garoto manchando as roupas de Astéria, Nick disse: — Se-senhora Astéria, Su-suas roupas, o que houve?
— Isso não é um problema. Por favor, chame a Améli para a enfermaria — A mulher seguiu em direção à enfermaria.
Nick acenou com a cabeça e saiu pela mansão procurando por Améli, outra das empregadas e a chefe de todas.
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Entrando na enfermaria, Astéria colocou o garoto deitado sobre uma das camas.
Ela puxou uma cadeira até seu lado e se sentou enquanto olhava para o garoto.
Alguns minutos depois, Améli chegou desesperada. Ela se agarrou na porta e, preocupada, perguntou:
— O garoto está bem?! — Ela parecia estar mais preocupada do que a própria Astéria.
— O braço dele… O braço dele está sofrendo uma maldição, bem na alma.
— Uma maldição? — Améli entrou e ficou parada ao lado da cama.
— Já ouviu falar de Loputon kipu³? — Astéria não demonstrava nenhuma reação, mesmo após dizer aquilo.
— Quer dizer quê? — Arregalando os olhos, Améli moveu lentamente a mão até seu outro braço, apertando-o em seguida.
— A dor causada vai se repetir infinitas vezes.
Améli olhava para Kevyn, vendo todo o sangue que manchava suas roupas. Ela tirou a mão do braço e cerrou os punhos.
— Foi o maldito do Klei, não foi?
— Sim.
— Mas… ele vai aguentar a dor?
— Infelizmente, ele vai ter que aguentar.
Enfurecida, Améli gritou: — Isso não faz o menor sentido, Astéria!
Astéria volta seu olhar para ela — Como não? Já aconteceu.
— Fui eu quem cuidou do garoto desde que ele nasceu. Vocês quererem fazer o que bem entendem com ele é inadmissível!
Mantendo-se neutra, Astéria respondeu: — Não é como se fosse minha culpa, Améli.
Remontando a compostura, Améli suspirou enquanto disse: — Arh… Só me promete que isso não vai mais acontecer.
— Tudo bem, farei o possível.
Ainda incomodada, Améli se virou e saiu da enfermaria. Pegando seu celular, Astéria aguardava Kevyn acordar.
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Ao nascer da lua, Kevyn acordou, mas quando um sinal de consciência se formou, ele sentiu a dor de seu braço sendo rasgado repetidas vezes.
Os olhos de Astéria brilharam, mas antes de qualquer reação, sua percepção notou que o garoto estava resistindo à dor.
Confusa, ela se levantou: — Hm?
— Mãe? — Kevyn coçou os olhos.
— O quê?
— Fica mais um pouco — Kevyn dizia com a voz fraca e sonolenta, quase falhando.
Sem expressar nada, Astéria apenas respondeu: — Tudo bem, mas só um pouco — Ela se sentou de novo e encarou o garoto.
— Eu… por que ele precisa ser tão mau?
— Porque ele sente medo.
— Ele me disse um nome, era… — lembrando — era Kairós!
— Hm… esse nome… entendi. Você está sentindo algo no seu braço?
— Sim, tá doendo.
Confusa, ela perguntou: — Como você está aguentando a dor?
— Tô fazendo ela pulsar! Mind me ensinou que, se eu pulsar um ferimento, eu consigo focar a dor na pulsação.
Astéria ficou em total silêncio e pensou: “Mentindo para mim? Vejo nos seus olhos que está quase desabando com a dor.
Mind… você sabe o que Klei faz e por isso esteve auxiliando o garoto? Infelizmente, qualquer médico sabe que o pulsar vem de feridas inflamadas.
Só que… isso parece algo que um manipulador de sangue usaria…”, Ela murmura: — Hmm.
Se levantando, Astéria pensou: “Pelo visto, você é muito mais do que uma professora”, e logo em seguida disse: — Preciso ir, tá bom?
— Tá bom — Kevyn sorriu.
Logo após Astéria sair, Kevyn se desmanchou em dor. Ele agarrou o braço amaldiçoado e o apertou o máximo que conseguiu, mas a dor não parava, independente do quanto ele tentasse.
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¹ — O campo é quase uma arena medieval, mas ao invés de um chão de areia, tem grama e flores. O local foi planejado como arena, mas virou um campo porque seria hostil demais. Conforme os capítulos, eu vou explicando mais sobre esse campo.
² — Os anos em B2A duram o dobro do que na terra, eles fazem aniversário uma vez por ano, então se Kevyn fosse um humano, biologicamente ele teria 6 anos.
³ — Loputon kipu (do finlandês: dor sem fim), é bem autoexplicativo.