Trupe Elemental - Capítulo 84
Com muito esforço, Cyrus ao retornar para os fundos da biblioteca chega até Hector e o recepcionista que estavam conversando entre si. Os dois ficam assustados com a condição física que ele se encontra. O recepcionista mesmo diz que aquela mudança repentina o deixou muito preocupado, mas quando questionou Cyrus e Hector do que haviam feito, nenhum deles quis responder sobre.
— Mestre Cyrus…? O senhor está bem? Está cambaleando! — Hector perguntou.
— Eu estou bem. Agora vá e avise aos outros que o círculo mágico já está em vigor pronto para ser utilizado… — Disse Cyrus, falhando um pouco a voz.
— Você está pálido, Cyrus. Precisa repousar por agora, eu vou te levar até meus aposentos, vou pedir com gentileza que não saia de lá até se recuperar plenamente, estou pedindo isso como seu amigo. — O recepcionista disse.
O recepcionista da biblioteca mostrou a Hector uma sala em que ele poderia usar, enquanto isso ele levaria Cyrus até seu quarto para que ele repousasse. Sem perder tempo, ele foi até a sala e se trancou lá dentro. Rapidamente ele estabeleceu uma conexão com os outros integrantes para relatar os últimos acontecimentos, após alguns minutos os outros membros apareceram para ouvir o que ele tinha para falar.
— Sou eu. O círculo sob a capital está pronto para uso. — Disse Hector.
— Um trabalho formidável. Isso vai ser de grande ajuda para que possamos encurtar ainda mais o tempo do nosso projeto. Só há uma coisa que está me incomodando… Onde está o outro? — Um deles disse.
— Ah… quanto a isso, nós fizemos exatamente o que nos ordenou, mas parece que aquele grimório amaldiçoa quem faz uso dele. Infelizmente ele foi afetado ao concluir o encantamento e não está em condições de falar no momento. — Hector respondeu.
— Hum… Então ele finalmente teve um vislumbre do que aquele livro guarda com si. Não era de se esperar menos dele. Um ávido curioso disposto a cumprir seus objetivos a qualquer custo. Bem, é como está escrito em uma das páginas do próprio livro “Aqueles que pisam na terra chamuscada também serão queimados.” Enfim, vocês fizeram um bom trabalho, graças a isso serei capaz de finalizar em pouco tempo, eu preciso ir agora, mantenha-me informado. — Ele disse.
— Obrigado pelos elogios e bom trabalho… — Hector respondeu.
A conferência havia sido mais rápida do que Hector imaginou, em poucos minutos já tinha sido terminada. Um dos integrantes parecia bastante apressado, entretanto o outro que não havia dito nada até então, ainda permanecia ali, esperando a conversa entre eles acabar para entrar em cena. E quando o outro se foi, ele apareceu.
— Ei, não vá embora ainda. Eu tenho algo para te dizer. É uma pena, mas aquele outro não parava de falar e não me deixou espaço para comentar também. — O outro disse.
— Ah, me desculpe. Eu não havia notado que você ainda estava aqui, tudo bem, estou te ouvindo. — Hector respondeu.
— É sobre os seus… amigos, vamos chamá-los assim. Ouvi dizer que eles já atravessaram a ponte para o outro lado, e estão cada vez mais perto de arruinar nossos nobres objetivos. É melhor você se apressar. — Ele disse.
— A minha hora chegou, mas não se preocupe. Eu também estou de olho neles, farei o que estiver ao meu alcance para impedi-los. Até a próxima, Hector. — Completou.
Após dizer aquilo, o último integrante se foi e a conexão que Hector havia estabelecido foi encerrada. Pensativo com o que ouviu, ele viu que as medidas que havia tomado não foram o suficiente para impedir o grupo de John e os outros. E que eles já teriam chegado até o mundo espiritual.
Porém o que mais o espantou é como aquela pessoa sabia de seu verdadeiro nome, já que nenhum dos integrantes havia revelado suas identidades durante as conferências anteriores que tiveram, e que apenas Cyrus e Philip sabiam disso. Talvez eles já tenham se encontrado em algum momento, foi o que pensou. Mas decidiu ignorar por enquanto e prosseguir com o que lhe foi dito.
Deixando a sala em que estava, Hector procurou por Cyrus para decidir o que fariam a seguir, mas quando chegou na porta do quarto em que ele estava, o recepcionista o impediu e pediu para que não entrasse, dizendo que Cyrus estava inconsciente no momento e que não poderia deixar que ninguém o perturbasse.
— Você vai ter que me desculpar, Hector. Não posso deixar que entre agora, mestre Cyrus precisa de repouso. É importante que nada o perturbe agora. Se importaria de me ajudar com algumas coisas simples lá embaixo? — Ele sugeriu.
— Não se preocupe. Enquanto esteve fora, ele me explicou o que fez, parcialmente é claro. Não é da minha conta o que vocês dois fizeram, só estou aqui para pagar uma dívida que tenho com ele. Temo que a maldição que o assola agora está se expandindo gradualmente. Ele vai precisar de ajuda especializada. Também me pediu para que te entregasse de volta o grimório. — Completou.
Sem questionar muito, Hector pegou de volta o grimório e o admirou por alguns segundos antes de guardar em uma pequena bolsa que carregava.
— Terra Chamuscada… espero que tudo dê certo… — Hector sussurrou.
O recepcionista que havia ido na frente olhou para trás, vendo que Hector estava um pouco desligado da realidade acenou para que ele o acompanhasse. Mais a frente nos fundos da biblioteca, ele pediu para que Hector o ajudasse a recolher os livros e os organizasse nas prateleiras, mas também disse que se ele não quisesse, poderia ir embora que ele terminaria o trabalho sozinho.
As horas iam se passando enquanto os dois organizavam os livros em seus devidos lugares. Quando se deram conta já era tarde e hora da biblioteca fechar as portas. O recepcionista pediu para que Hector aguardasse um pouco ali sentado, que ele iria preparar uma refeição para ele levar até o quarto onde Cyrus estava. Chegando lá, Hector viu que Cyrus já havia se recuperado um pouco. Ele pediu para que ele trancasse a porta, pois havia algo muito sério para contar.
Enquanto isso, em um plano de existência alternativo, de cada vez um por um aparecia do outro lado do portal, para alguns, um mundo novo totalmente desconhecido, já outros, um lugar familiar e de más lembranças, esse era o mundo espiritual, o destino final deles para impedir o Arquimago Philip.
Quando todos atravessaram, em poucos segundos o portal se desestabilizou e a conexão com o outro lado foi rompida, os deixando presos ali. Mary disse que não seria possível abrir outro portal no momento, e que teriam que achar um lugar mais apropriado se quisessem voltar para casa.
— Então esse é o mundo espiritual, huh… — Disse Tay, observando a paisagem.
— Admito que é um pouco diferente do que eu tinha em mente. É um pouco vazio? Não parece haver nada, mas estou com uma sensação sufocante ao mesmo tempo, eu mal cheguei e já quero ir embora… — Ryutisuji comentou.
— Espere um momento, esse lugar mostra o quer que as pessoas querem acreditar, então por curiosidade, o que vocês estão enxergando? — John perguntou.
Quando perguntados sobre o que estavam enxergando, todos responderam a mesma coisa. Vastas planícies cinzas com árvores mortas. O que era contraditório ao que John havia explicado anteriormente. Mary logo deduziu que havia algo de anormal acontecendo ali, sua primeira hipótese foi que alguém ou algo estava manipulando a energia elemental do lugar, causando essa distorção no tempo.
— Tudo bem sabichão, e como vamos achar o Philip? Olha para esse lugar, não tem nada aqui! Assim vamos ficar vagando pela eternidade aqui. — Disse Matt.
— Me dê alguns minutos, eu vou pensar em algo. Nós vamos encontrá-los, temos que encontrá-los de qualquer jeito! — Mary respondeu.
Enquanto eles discutiam sobre o que fazer, cada um resolveu fazer algo. Matt parou e se sentou um pouco, ainda inconformado com a perda de visão. Tay e Ryutisuji conversavam entre si, enquanto Mary, Sarah e Jesse analisavam o terreno e como iriam encontrar o paradeiro de Philip. Já John se afastou um pouco do grupo para pensar sozinho, o que ele não havia percebido era que Sarah estava de olho nele.
Já um pouco afastado do grupo, para a surpresa de John depois de muito tempo sem dizer absolutamente uma palavra, Sylas aparece novamente.
— Ah, finalmente chegamos aqui! Foi uma grande jornada… Ei, como você está? Espero que não tenha se esquecido dos nossos objetivos. — Disse Sylas.
— Eu que te pergunto! Onde você esteve esse tempo todo? Você não me respondeu quando eu te chamei, e foram várias vezes. Eu realmente não consigo acreditar, você só aparece quando bem entende. — John respondeu.
— Ah, me desculpe John. É que eu ando um pouco fraco ultimamente, minha capacidade de me manifestar está piorando, é por isso que estou evitando falar com você. Mas vou tentar me recuperar disso. — Sylas explicou.
Os dois conversavam entre si, quando John ouviu sons de passos se aproximando e rapidamente calou a boca de Sylas. Quando se virou, notou que Sarah tinha o seguido.
— Ah, Sarah, é você. Aconteceu alguma coisa? — John perguntou.
— Não, não foi nada, John. Só queria saber se está tudo bem contigo. Eu ouvi parte de sua conversa, desculpe. Os outros parecem estar perto de descobrir uma forma de encontrar Philip, então eu queria discutir uma coisa com você antes que nosso tempo acabe. — Sarah respondeu.