Trupe Elemental - Capítulo 94
— O que é isso? Uma esfera de energia concentrada? — John perguntou.
— Hã…? Eu conheço essa coisinha… É uma esfera rastreadora, isso é coisa da Mary! Bem que você mencionou que ela já estava pensando em algo, parece que ela nos achou, agora é esperar para que ela chegue até aqui. — Disse Matt.
— Ah, é? Perfeito então, vamos esperar. — John respondeu.
À espera de Mary, Matt tenta puxar assunto com seu velho companheiro de águas passadas. Alguns momentos cômicos e outros realistas demais, até que Matt chega em um bastante delicado para ambos.
— Ei, estamos chegando perto, certo? O que você acha que ele está fazendo? Digo, Philip, depois de tudo que aconteceu no passado… Como ele pôde sequer cogitar em fazer algo assim, inacreditável! — Matt comentou.
— Sinceramente, eu não faço ideia. Mas eu sei que temos que impedi-lo seja lá o que ele quer conquistar. Eu me recuso a deixar a mesma catástrofe de anos atrás se repetir novamente só por causa de uma pessoa egocêntrica. — John respondeu.
— É, você está certo, amigo. Só achei que… e se não fomos capazes…? E se tudo aquilo voltar a nos atormentar…? — Disse Matt, aflito.
Para acalmar Matt, John coloca sua mão em seus ombros e balança com a cabeça sinalizando para deixar para lá esse assunto.
Em outra parte daquele labirinto subterrâneo interminável, Mary e Tay trilhavam o caminho que a orbe havia percorrido, na esperança de encontrar os outros membros restantes do grupo. No meio tempo que caminhavam pela vasta escuridão, Tay questiona Mary sobre certas coisas, incluindo o uso dessa magia de rastreamento.
— Mary, deixa eu te perguntar uma coisa. Algum motivo de você não ter utilizado esta magia de localização para os outros antes? Por que esperou todo esse tempo, até virmos aqui embaixo? — Tay perguntou.
— Ah, isso é muito simples. Ela é muito boa em encontrar, de fato. Mas tem uma precisão horrível, por isso é mais fácil utilizá-la em lugares pequenos ou completamente fechados. Além do que, desde que chegamos aqui embaixo eu dediquei uma parte da minha energia para desfazer a alteração temporal que se encontra aqui nesse calabouço… — Mary respondeu.
— Hmph. Plausível, vou aceitar essa resposta, apesar de não ser exatamente o que eu estava esperando, sendo honesto. — Tay comentou.
— Esqueça isso, vamos em frente. Já consigo senti-los por perto. — Ela disse.
— Logo atrás de você! — Tay respondeu.
Ao virarem mais um corredor, Tay e Mary finalmente chegam até o local de destino da esfera rastreadora. Como já era esperado para Mary, ela conseguiu encontrar John e Matt, já para Tay não havia sido tão emocionante como ele achou que seria.
— John, Matt! Ainda bem. Ótimo, agora só faltam os outros três. — Disse Mary.
— É bom ver vocês dois novamente. Esse lugar é estranhamente inquieto para mim, e então? O que vocês acharam nesse meio tempo? — John perguntou.
Antes que eles pudessem dizer algo, Matt interrompeu para mostrar sua insatisfação com o tempo levado para Mary os encontrar, apesar de dizer que ele não podia exatamente culpá-la por isso. Mas o fez de qualquer jeito.
— Ha! Vocês demoraram bastante, sabia? Suponho que também tenham visto o tanto de coisa bizarra que está aqui embaixo, digo, veja só isso! Sabe se lá o que essas estátuas significam, e também tem esse… portal? — Disse Matt, mostrando o lugar.
— Argh! E quando eu pensei estar certo! Tudo bem, você venceu essa. Eu fico te devendo uma, Mary. Mas tudo dentro do possível… — Tay comentou.
— Hã? Ah, sim a nossa aposta… é, tudo bem. Na verdade eu já havia me esquecido disso, mas já que você me lembrou vou fazer bom proveito dela quando for a hora certa, vá se preparando… — Mary respondeu.
— Havia se esquecido?! Ahem. Bem que seja. — Ele comentou, indignado.
— Hehe, mais um que perdeu uma aposta para ela. Dos que eu conheço e contando com você já somos três. Quem vai ser a próxima vítima? — Matt comentou.
— Três? E outros dois são…? — Tay perguntou.
— Ora, eu e John, hahaha! Quem você esperava que seria, hein? — Ele respondeu.
Mary pede para que eles fiquem quietos enquanto ela examina aquelas ruínas presentes na sala. Assim como John, ela percebeu que faltava algo ali, que para sua ativação completa era necessário o uso de um item que se encaixasse perfeitamente no pedestal logo a frente do arco que lembrava uma espécie de portal. Similar ao qual eles usaram para chegarem até o Mundo Espiritual.
— Certo, novo plano. Vocês ficam aqui e garantem que nada e ninguém vai aparecer para nos atrapalhar de novo. — Disse Mary.
— Eu já entendi como o mecanismo dessas ruínas funciona, mas está faltando uma peça. Eu sei exatamente o que é e irei buscá-la, no meio tempo vou enviar outra esfera rastreadora para encontrar os outros e mandá-los diretamente para cá, entenderam? — Ela explicou.
— É, não parece tão difícil no papel, veremos na prática. — Matt comentou.
— E se eles chegarem até aqui antes de você? — Tay perguntou.
— Nada muda. Continuem esperando até eu voltar, mesmo se algo ou alguém aparecer, tentem evitar uma luta o máximo possível. Se isso não for capaz, em hipótese alguma danifique as ruínas, elas podem ser nossa única saída deste lugar, tenham isso em mente, por favor. — Mary respondeu.
— Entendido, tome cuidado e volte em segurança. — Disse John.
Mary acenou com a cabeça, logo em seguida preparou mais duas esferas rastreadoras para procurar por Sarah, Jesse e Ryutisuji. Ao ver as esferas partirem, ela começou a canalizar um círculo mágico e desapareceu em um piscar de olhos.
— Oh? Então ela também consegue se teletransportar por aí… — Tay comentou.
— Ha! Eu não duvidaria muito dela se eu fosse você. Acredite em mim, eu já vi coisas que também achava impossível de acontecer, diante dos meus olhos. Desde então eu prefiro não duvidar mais… — Matt respondeu.
— Bem, agora que somos só nós, eu tenho algumas dúvidas que gostaria que vocês dois pudessem responder, se possível. — Ele disse.
John e Matt acharam um pouco estranho do por que Tay ter esperado Mary ir embora para conversar com eles. Matt seguiu uma abordagem mais direta, enquanto John preferiu deixar de lado para ver até onde essa conversa iria chegar.
Usando sua magia de teletransporte, Mary retorna a superfície da fortaleza, bem em frente onde John havia sido pego pela armadilha. Lá estava ele, o esqueleto sentado no trono do rei, e junto com ele, sua coroa. Apesar dela já não estar mais emitindo a energia elemental de antes, Mary havia levantado a hipótese dela ser o item chave que estava faltando para reativar as ruínas e o portal.
Ao se aproximar novamente do trono, desta vez com cautela para não ativar nenhuma outra armadilha que pudesse ter passado despercebida, Mary nota que há uma sombra atrás do trono, e quando ela se revela. Para surpresa dela, uma pessoa que ela não esperava encontrar naquele lugar, a máscara do corvo.
— Oh, parece que nos encontramos novamente, senhorita. — Ele disse.
— Você…! O que você quer afinal de contas? — Mary perguntou, de braços cruzados.
— Eu? Não, não, não. Eu não quero nada, só achei conveniente que poderíamos nos encontrar aqui, apenas e somente isso, haha. — Ele respondeu.
Caminhando de um lado para o outro na frente do trono, ele observava a feição de Mary sem dar um único movimento. Passando o dedo na coroa do esqueleto, e vendo a poeira nela, ele permanece calado.
— Corte-me de seus jogos, diga logo o que você veio fazer aqui. — Disse Mary.
— Hmph. Sempre será assim entre nós? Tudo bem, não vem ao caso. Me diga, senhorita, sabia que estamos pisando em um solo sagrado? — Ele perguntou.
— Do que isso importa? Restam apenas ruínas agora, relíquias do passado. E eu não acredito em tais mentiras. — Mary respondeu.
— Na minha concepção, todas as coisas acontecem por um motivo. Talvez a sua sede insaciável pelo conhecimento também faça parte disso. Me diga Mary, o que te move? O que te faz continuar nessa busca sem sentido pelo desconhecido? Seus amigos? A vontade de descobrir algo novo? A verdade de tudo? Eu acho que não. — Ele disse.
— Não preciso responder nada para você, muito pelo contrário. É você quem deveria responder minhas perguntas. Afinal tens seguido não só a mim, como aos outros. Mas felizmente para você, eles ainda não perceberam. — Mary respondeu.
Ouvindo aquilo de Mary, ele dá boas risadas mas concorda em seguida. E pergunta se realmente é verdade que ninguém percebeu sua presença ao longo da jornada, ou se apenas um deles escolheu ignorar e não contar para o resto do grupo. Isso a fez recuar um pouco.
— Eu tenho uma proposta muito interessante para ti, Mary. O que acha de ouví-la? — Ele disse, pegando a coroa do esqueleto sentado no trono.
— Tsc… logo agora. — Mary sussurrou.