Trupe Elemental - Capítulo 85
— Vocês dois, o que há? Parecem um pouco perturbados. — Sarah perguntou.
— Não é nada. Por favor, não se preocupe com isso, eu só estou um pouco pensativo sobre este lugar, é tão… — John respondeu.
— John, você… Já esteve aqui antes, com os outros, não é? Eu sei que não deve ter sido a melhor experiência, então vamos deixar isso de lado, não era isso que eu queria te perguntar de qualquer forma. — Disse Sarah.
— É que de repente, quando chegamos aqui me lembrei de várias coisas. Mas nem tudo está claro para mim ainda, falta algo. — John respondeu.
Eu ainda não consigo me lembrar desse evento. Mas aquelas palavras estão gravadas na minha mente. “Eu sinto muito…” e logo depois um golpe que me leva ao chão. Os gritos e os pedidos de socorro não param de ecoar em minha mente. E num piscar de olhos, como uma folha sendo cortada, tudo se resolveu graças a ela.
— John? John! Ei! — Disse Sarah, tentando tirar John de seu transe.
— Ah, me desculpe. Eu acabei me distraindo por um momento. Tudo bem, vamos ao que te interessa. — Ele respondeu.
Rapidamente Sylas se manifesta novamente ao lado de John para ouvir a conversa entre os dois, demonstrando certa curiosidade.
— Se importariam se eu me juntasse a vocês neste fantástico diálogo? Eu espero que não, haha. — Sylas perguntou.
— Eu não me ligo muito. Se para ela está bem. — John disse em seguida.
— Nem um pouco, não faz diferença na verdade. — Sarah respondeu.
John se senta em uma rocha próxima, e encara bem nos olhos de Sarah, pronto para escutar o que ela tem para lhe dizer. Em silêncio ele aguarda até que ela comece.
— Isso já vem me incomodando há um certo tempo. Mas eu preferi não te dizer sobre isso antes, mas acho que agora é uma boa hora. Estamos chegando perto do nosso objetivo final, então eu queria uma resposta sincera sua. — Sarah explicou.
— Nas batalhas que tivemos anteriormente, eu sinto que você não está usando sua verdadeira força, é como se você estivesse se limitando propositalmente para não machucar os outros e todas as vezes, quem acaba se machucando é você. Qual é o motivo disso, John? — Ela perguntou.
Ouvir aquilo de Sarah fez algo estalar dentro de John, como se uma pequena corda tivesse se rompido. E ele se perguntava o porquê disso. Como ela sabia?
— Huh? O que te faz pensar isso? Eu não tenho feito isso. — John respondeu.
— Veja você mesmo. Lembra daquela vez nas Cavernas Reluzentes? Todos estavam acabados, só havia restado você, mas eu ainda estava consciente. — Disse Sarah.
— Pouco consciente, eu quis dizer. Tudo estava turvo, mas eu ainda conseguia ver! Uma pequena fagulha da sua força, e depois contra aquele monstro no Despenhadeiro, eu tinha certeza que iríamos acabar com ele em segundos, mas não foi isso que aconteceu! Por que, John? Por que não usa sua real força? — Perguntou.
— O quê?! Assim você está parecendo dizer que eu não levo a sério as batalhas, e só faço uso de minha força contra oponentes dignos. Isso é um pouco rude da sua parte, Sarah. Eu levo muito a sério todos meus oponentes. — John respondeu.
— Então explique para mim, qual o motivo de você passar por tantos problemas em nossas batalhas, e quando encontramos você e Matt na selva, aquele monstro já havia sido derrotado, e de uma maneira muito cruel. — Ela perguntou.
— Nós… Eu, Ryutisuji, Tay e Jesse, somos de certa forma fracos comparados com vocês três. Entretanto, tudo que enfrentamos desde que nos conhecemos, está além do nosso nível. Mas parece que para você e Mary principalmente, não passa de uma brincadeira de criança. E ainda sim estão relutantes, estão se segurando para não demonstrarem do que são capazes? Eu não entendo. — Ela explicou.
— O que vai fazer agora, John? Ela te encurralou. — Disse Sylas, zombando.
John respirou fundo e se levantou da rocha que estava sentado, colocando sua mão no ombro de Sarah, ele abriu os olhos lentamente e disse o que sentia para ela.
— Tirar a vida dos outros é errado, Sarah. Mas quem sou eu para te dizer isso? Acho que não faz sentido você ouvir isso da minha boca. Talvez você esteja certa sobre eu estar me limitando de propósito, eu não sei, e também não posso te responder sobre isso. Lembra do que Philip disse? Eu sou apenas uma marionete seguindo uma ordem imaginária que me foi imposta. Eu posso quebrar essa regra quando eu quiser, mas eu simplesmente não consigo fazer isso. — Disse John.
— Você vai ter que perguntar ao John pessoalmente, mas agora é impossível. Eu estou confinado, até que aprenda a se comportar como uma pessoa normal. Mas se quer saber minha opinião, não mudaria em nada usar toda minha força em todas as batalhas, eu não sou tão forte quanto você pensa. — Completou.
John fez com que Sarah, engolisse sua resposta, por mais que ele saiba que não era exatamente aquilo que ela queria ouvir, seria uma boa forma de mantê-la ocupada por um bom tempo. Quando terminou de dizer, John disse que se sentiu mais leve, e que foi uma boa forma de desabafar um pouco. Expressando um pequeno sorriso, ele comentou de como Sarah o lembrava de uma certa pessoa.
— Você é igualzinha a ela, Sarah. São idênticas, sempre quando algo não estava de acordo ela era a primeira a perceber. Talvez eu tenha começado a enxergar ela em você, obrigado por se importar comigo, de verdade. — Disse John.
Sarah ficou envergonhada com tudo aquilo, empurrando John para longe e se virando para o outro lado para se esconder. Ela gritou com ele perguntando de onde veio toda aquela simpatia repentina. Mas logo se virou de volta para questioná-lo mais uma vez sobre o que ele estava falando.
— Idiota… Mas se não está falando da Mary, então quem é? — Sarah perguntou.
Desviando o olhar e um pouco triste, mesmo assim John respondeu a pergunta de Sarah sem hesitar mais.
— Ela fazia parte do nosso grupo. Era péssima em lutas, mas nos ajudava nas batalhas com suas habilidades de cura e outros aprimoramentos temporários. Seu sorriso brilhava mais do que qualquer um. Infelizmente por causa da ilusão de poder que alguns de nós tinham, ela acabou sendo tirada de nós. E eu me culpo principalmente por isso. — John respondeu.
— Ela já era bastante conhecida antes de se juntar ao nosso grupo, como era que vocês a chamavam mesmo…? — Perguntou.
— Sacerdotisa… Sacerdotisa, hum… Ah! Eu sei de quem está falando! A majestosa filha do Sol, a grande Sacerdotisa da Luz, Lyla Margarot… Eu já ouvi muito sobre ela e de como suas habilidades podiam curar qualquer enfermidade. — Disse Sarah.
— Logo depois que o Devorador de Mundos foi derrotado, boatos se espalharam dizendo que ela havia partido em uma jornada para ajudar as vítimas da calamidade, e se ela não estava com os outros do seu grupo, onde ela está agora? — Perguntou.
John se virou novamente para Sarah, olhando bem em seus olhos. Com lágrimas em seus olhos e um aperto no coração, ele a respondeu. “Ela está morta.”
— Não, não pode ser! Mas todos dizem ter visto ela na cerimônia que houve depois que a calamidade acabou! Como isso é possível? — Disse Sarah.
— Impossível. Eu a vi ser morta com meus próprios olhos, vocês foram enganados aquela pessoa não era ela. Deve ter sido apenas uma ilusão. — John respondeu.
— Vamos fingir que essa conversa nunca aconteceu, Sarah. Não diga para Matt, e principalmente para Mary o que eu te contei sobre Lyla. Eles podem não receber isso de uma forma agradável… — Completou.
Tendo que enfrentar uma dura “verdade” dita por John, e vendo que de certa forma o abalou, Sarah prefere interromper a conversa por ali mesmo e diz para ele que agora irá retornar para o restante do grupo. John concorda sem problemas, porém cita que ficará a sós por um tempo, com o pretexto de que sua cabeça está doendo.
— Hum… Isso é uma surpresa? De qualquer forma, você acha bom ter tido tudo isso para ela? Eu ainda não confio plenamente nela, John. — Disse Sylas.
— Não importa. Eu só preciso mantê-la longe da verdade se possível. Os meios não justificam os resultados. Quanto menos ela souber, melhor. Às vezes a mentira e a ignorância são uma dádiva. — John respondeu.
— Ah, é mesmo! Ainda bem que eu lembrei, já que temos um tempo sobrando, eu devo te lembrar, por acaso ainda se lembra do nosso objetivo original? Eu espero que sim, vai ser uma pena se não se lembrar. — Disse Sylas.
— Ah, é claro que eu me lembro. Mas já conseguimos recuperar minha espada, então já está tudo acabado. — Disse John.
— Huhuhu. Não é disso que eu estou falando, John. Vejo que você realmente esqueceu, fazer o que, não é. Muitas coisas que não estavam planejadas aconteceram, acho que não tem problema eu te relembrar. — Sylas respondeu.
Com um sorriso em seu rosto, seguido de uma risada estranha, Sylas olha bem para John e lhe diz: Eu vou refrescar a sua memória, John. Estou falando do nosso verdadeiro objetivo, que planejamos muito antes de recuperar sua espada. Estou falando do nosso plano para eliminar cada membro restante da Trupe Elemental e expor seus crimes para o mundo!
John que havia se esquecido completamente daquilo, quando finalmente se lembra, ele encara Sylas, olhando diretamente para ele paralisado de medo e incrédulo.